DETERMINAÇÃO DOS FATORES DE RISCO PARA FRATURA

A fratura por baixa massa óssea pode ocorrer por pequenos traumas sendo denominada fratura por fragilidade. Pequeno trauma é conceituado como sendo um trauma equivalente a cair da própria altura.

Desde os primeiros estudos sobre osteoporose são conhecidos fatores que se associam à perda de massa óssea, tais como idade avançada, sexo feminino, período pós-menopausa, baixo índice de massa corpórea, fratura prévia por fragilidade, história familiar de fratura por fragilidade, alta ingestão de bebida alcoólica, vida sedentária, fumo e uso de glicocorticoides.

Estes fatores de risco podem predizer a possibilidade de fratura de forma independente ou parcialmente independente da DMO e, se associados aos valores da DMO, podem prover informação superior à obtida pela DMO isolada.

Fatores clínicos podem ser usados para avaliar o risco de fratura mesmo na ausência da DMO. Dessa forma, a determinação criteriosa e a validação dos principais fatores clínicos de risco para a osteoporose podem melhorar a predição de fraturas e permitir uma melhor seleção de pacientes para o tratamento.

O problema sempre foi como quantificar estes fatores de risco. O que seria mais prejudicial ao esqueleto: ter uma fratura previa e ingerir grandes quantidades de bebida alcoólica ou ser jovem mas usar corticoide e ter um índice de massa corpórea baixo?

O Centro Colaborador da OMS reuniu informações de 12 estudos prospectivos populacionais em diferentes localidades geográficas, com o objetivo de avaliar os fatores de risco com maior impacto sobre o desenvolvimento da osteoporose.

Foram selecionados estudos realizados na Europa (estudos multicêntricos EVOS e EPIDOS e estudos unicêntricos das cidades de Roterdã, Kuopio, Lyon, Gothenburg e Sheffield), nos Estados Unidos (estudos CaMos e Rochester), na Austrália (estudo em Dubbo) e no Japão (estudo em Hiroshima).

Os pacientes destes estudos tinham fatores de risco para fratura documentados na primeira visita do estudo e cerca de 75% deles tinham também resultado da DMO do fêmur. A análise destes dados permitiu avaliar vários fatores de risco associados à fratura e suas relações com outras variáveis, em especial a DMO e a idade.

Os fatores de risco assim validados foram incorporados à ferramenta FRAX. Estes fatores de risco incluem fratura por fragilidade prévia, fratura de quadris por fragilidade nos pais (mãe ou pai), uso de tabaco, uso de glicocorticóides, diagnóstico de artrite reumatóide, osteoporose secundária (causada por diferentes doenças) e uso de três ou mais unidades de bebida alcoólica por dia.

No modelo FRAX, o risco de fratura é calculado para mulheres e homens entre as idades de 40 a 90 anos com os seguintes dados: idade atual, índice de massa corpórea (calculado a partir do peso e da altura) e as sete variáveis de risco independentes vistas acima (Tabela 2).

Tabela 2. Dados necessários para calcular a probabilidade de fratura de um paciente nos próximos dez anos

País onde vive o paciente
Peso e altura ( o índice de massa corpórea é calculado automaticamente)
Idade
Sexo
Fatores clínicos de risco
Fratura prévia por fragilidade
História de fratura de quadril por fragilidade nos pais
Tratamento com glicocorticoide
Fumo atual
Ingestão de álcool (três ou mais unidades por dia)
Artrite reumatoide
Outras causas secundárias de osteoporose

A interação de todos estes dados é feita automaticamente pelo modelo FRAX de informática com ou sem a DMO (T-score do colo do fêmur) e baseia-se em fórmulas matemáticas desenvolvidas a partir dos estudos anteriores com atribuições particulares para cada fator de risco. Para que os fatores de risco relatados pelos pacientes possam ser captados com a maior objetividade possível, o Centro Colaborador da OMS proveu definições para utilização na anamnese clínica descritas abaixo.

Fratura prévia:

fratura que ocorreu na vida adulta espontaneamente ou fratura após um trauma que, em um indivíduo saudável, não resultaria em fratura (fratura por fragilidade).

Fratura de quadril em pais:
História de fratura de quadril por fragilidade em mãe ou pai do paciente.

Fumo atual:
Uso atual de tabaco.

Glicocorticoides:
exposição a glicocorticoides orais por três meses ou mais, em uma dose de prednisolona de 5 mg/dia ou mais (ou doses equivalentes de outros glicocorticoides).

Artrite reumatoide:

por diagnóstico confirmado pelo médico.

Osteoporose secundária:

presença de doença associada à osteoporose. Inclui diabetes tipo I, osteogênese imperfeita em adultos, hipertireoidismo duradouro não tratado, hipogonadismo ou menopausa prematura (menos de 45 anos), má nutrição crônica ou má absorção intestinal e doença hepática crônica.

Álcool (três ou mais unidades/dia):
uma unidade de álcool varia levemente em diferentes países entre 8 e 10 g de álcool, o que equivale a um copo-padrão de cerveja (285 ml), uma medida simples de um coquetel (30 ml), um copo médio de vinho (120 ml) ou uma medida de um aperitivo (60 ml).

Fratura maior, de Quadril e Risco Absoluto

A ferramenta de cálculo FRAX fornece a probabilidade imediata, em porcentagem, da ocorrência de uma fratura maior (fratura clínica vertebral, antebraço, úmero e quadril) ou fratura de quadril isolada nos próximos dez anos. Esta probabilidade é o risco absoluto de fratura.

O cálculo desta probabilidade pode ser realizado com ou sem os dados da DMO. Na ausência da DMO, o cálculo é realizado com os valores do índice de massa corpórea (IMC). Os dados necessários ao uso do FRAX, que devem ser copiados na tela do computador, são idade (ou data de nascimento), sexo, peso, altura, dados dos sete fatores de risco citados anteriormente e o valor de DMO do colo femoral, caso seja disponível (Figura 2).

Sobre o FRAX

Os modelos do FRAX são específicos para cada país e baseados em estudos epidemiológicos nacionais. Nestes modelos a probabilidade de fratura é calculada levando em conta o risco de fratura e o risco de morte. As informações sobre o risco de morte em cada país são importantes por dois motivos:

a) Para as pessoas com maior risco de morte, a probabilidade de fratura é menor que para as pessoas que tem maior expectativa de vida.

b) Alguns fatores de risco afetam tanto o risco de fratura quanto o risco de óbito. Nesta categoria podem ser citados: idade avançada, baixo índice de massa corpórea, baixa DMO, uso de glicocorticoides e fumo.

A ferramenta FRAX é o único método de avaliação do risco de fratura que leva em conta a possibilidade de óbito. Apenas países que tem estudos epidemiológicos incluindo o risco de fratura e informações sobre a mortalidade tem modelos FRAX disponíveis. Desta forma, ao acessar a ferramenta no computador, é necessário escolher o país ao qual pertence o paciente. O modelo é acompanhado da bandeira nacional na tela.

Figura 2. Exemplo de cálculo de fratura pelo FRAX. Para o cálculo neste exemplo foi incluída a DMO.
Risco Relativo e Risco Absoluto >
Cadastre-se

Para ver este conteúdo, preencha o formulário abaixo:

Fechar
Cadastre-se

Antes de acessar, fale um pouco mais sobre você!

Fechar